Ministério Público de SP abre inquérito para investigar Vitor Roque por post homofóbico

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Atualizado: 26/11/2025, 13:05
Montagem com Vitor Roque comemorando pelo Palmeiras e a imagem do tigre mordendo um veado, referência à postagem que motivou investigação do Ministério Público.

O atacante Vitor Roque, da Sociedade Esportiva Palmeiras, tornou-se alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo após publicar, em 5 de outubro de 2025, uma imagem considerada homofóbica em sua conta no Instagram.

A publicação mostrava um tigre mordendo um veado. A alusão é historicamente utilizada de forma pejorativa contra torcedores do São Paulo Futebol Clube.

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A abertura do inquérito, noticiada em primeira mão pelo portal Metrópoles, agora está formalizada por documentos oficiais aos quais o MundoBola também teve acesso. No momento, não há denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público. A atuação se limita à esfera cível, com foco na apuração de possível dano moral coletivo.

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A postagem foi feita logo após a vitória do Palmeiras por 3 a 2 no Choque-Rei disputado no Morumbis. Minutos depois da repercussão negativa, a imagem foi apagada. O Palmeiras afirmou ter conversado com o jogador. Segundo o clube, ele compreendeu que provocações dessa natureza não se encaixam mais no ambiente esportivo.

O São Paulo divulgou nota repudiando qualquer manifestação que incentive violência ou discriminação.

Na esfera esportiva, o caso já foi encerrado. O Palmeiras firmou acordo com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva para evitar a suspensão do jogador. Pelo acerto, o clube pagará multa de 80 mil reais. O atacante também deveria publicar uma mensagem com conteúdo explícito contra a homofobia.

Essa postagem já foi feita no Instagram oficial do jogador, com a frase “Homofobia não é provocação. Homofobia é violência”, em post publicada ontem (25).

Com o acordo homologado, Vitor Roque está liberado para atuar normalmente nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Artilheiro do Palmeiras no torneio com 16 gols, ele havia sido denunciado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Inicialmente, corria risco de suspensão de cinco a dez partidas.

Em entrevista concedida durante período com a Seleção Brasileira, o jogador afirmou que não teve intenção discriminatória. Ele disse que a postagem original foi feita como brincadeira e pediu desculpas a quem se sentiu ofendido.

Em 19 de novembro, o Ministério Público instaurou o Inquérito Civil conduzido pela Promotoria de Direitos Humanos e Inclusão Social. A portaria destaca que, desde 2019, o Supremo Tribunal Federal equiparou a homofobia ao crime de racismo. A decisão estendeu a proteção prevista na Lei 7.716 de 1989 à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

O documento também reforça que, em 2023, o STF confirmou que ofensas contra pessoas LGBTQIA+ podem configurar injúria racial. A Promotoria sustenta que manifestações discriminatórias desse tipo ultrapassam os limites da liberdade de expressão. Segundo o texto, condutas dessa natureza podem caracterizar dano moral coletivo, especialmente diante do aumento de discursos de ódio e da ampla reverberação proporcionada pelas redes sociais.

O Ministério Público aponta que o dano social decorrente desse tipo de comportamento afeta valores essenciais de convivência, como igualdade, solidariedade e respeito aos direitos humanos.

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Foram expedidos ofícios para diversos órgãos. O GECRADIC, grupo especializado do Ministério Público, foi comunicado para análise. O STJD recebeu pedido de informações sobre o procedimento disciplinar envolvendo o jogador.

O Palmeiras foi solicitado a prestar esclarecimentos sobre eventuais medidas disciplinares adotadas internamente. Vitor Roque também foi notificado e tem 15 dias para apresentar manifestação por escrito. As partes envolvidas na denúncia sigilosa foram informadas sobre a abertura do inquérito.

Com a investigação concentrada exclusivamente na esfera cível e com o processo esportivo já concluído, o caso se tornou um dos episódios recentes mais relevantes envolvendo comportamentos de atletas em redes sociais. A discussão envolve os limites entre provocação esportiva, responsabilidade pública, liberdade de expressão e manifestações discriminatórias.

O andamento do inquérito poderá influenciar futuras medidas relacionadas a manifestações de atletas em plataformas digitais.


Diogo Almeida
Autor
Editor-chefe e idealizador do projeto MundoBola, criado em 2015. Jornalista digital com 10 anos de experiência, residente no Rio de Janeiro. Acredita que o esporte é o assunto mais importante dos menos importantes.